O reboot de Rebelde estreou no início deste mês de janeiro na Netflix sob grandes expectativas e agradou boa parcela do público adorador do clássico teen.
O enredo da história tem como base a mesma premissa da trama original argentina, entretanto, trata-se de uma continuação da versão mexicana da história produzida pela Televisa entre 2004 e 2006 em três temporadas.
Referências, estética e RBD
A série aposta em muitas referências, com direito até mesmo no crossover de alguns personagens como Celina (Estefanía Villarreal) e Pilar (Karla Cocío) e um colégio com mural dedicado ao extinto grupo.
Com a atriz brasileira Giovanna Grigio no elenco e atores vindos da Argentina e Colômbia, Rebelde (a série) também apresentou canções do grupo RBD que se tornaram hino para os fãs.
Rodrigo Dávila, produtor musical, conversou com este que vos escreve em uma entrevista ao site Letra Musical, e deu detalhes sobre como foi o trabalho por trás dessas releituras.
Confira abaixo o bate-papo na íntegra:
CS – Visto que a série parte de uma continuação da obra original, considerada um clássico, em nenhum momento a ideia de produzir releitura de hits musicais foi considerada um risco para produção? Qual foi a sua maior preocupação quando isso foi definido?
RD: “Foi definitivamente um desafio re-imaginar todas as músicas da série, não apenas as do RBD, mas todas as outras também.
Em todos os arranjos tentamos mudar alguma coisa dos originais, em alguns casos tinha mais a ver com os arranjos musicais, mas em outros confiamos inteiramente nas interpretações vocais.
Sempre tentando prestar uma boa homenagem às obras originais. Acho que o pensamento de que isso era um risco estava sempre vagando em nossas mentes, mas felizmente acredito que nos saímos bem”.
CS – Produzir para uma série de projeção mundial exige mais do que produzir para um produto local? Você precisou abrir mão de algo para se dedicar à série?
RD – “Acho que no mundo de hoje tudo está tão conectado que projetos pensados localmente podem se conectar facilmente com alguém em outras partes do mundo.
Mas definitivamente tivemos que gastar algum tempo tentando entender as diferentes tendências musicais que estavam acontecendo na época nas distintos regiões em que o projeto seria lançado”.
O clássico Salvame e o que vem por aí
CS – Os dois últimos episódios contam com o clipe de Salvame. Houve alguma dificuldade em modernizar a música, tendo em vista as comparações? O resultado final te agradou?
RD – “Nessa música específica você tem que considerar que aqueles que deveriam reinterpretar a música eram Esteban, Andi, Mj, Dixon, Jana e Luka.
Então conversamos muito sobre isso com Yibran e Santiago (diretor e showrunner) para tentar entender o que esses jovens, de origens tão diferentes, iriam fazer.
Sabíamos que eles tentariam reorganizar completamente a música e pensamos que eles possivelmente tentariam fazer uma versão mais otimista disso. Então eu acho que se você vê dessa forma, a abordagem estava correta”.
CS – Tem alguma música ou releitura do RBD que vocês gostaria de ter emplacado na série mas não rolou?
RD – “Muitos, mas acho que o equilíbrio estava no ponto, as histórias e a música neste novo universo de Rebelde têm que ser sobre os novos personagens, se apenas revisitarmos o catálogo RBD acho que estaríamos cometendo um erro. Além disso, teremos mais músicas do RBD na próxima temporada”.
CS – Na reta final, um dos desafios da Batalha de Bandas é propor aos concorrentes regravar músicas do RBD. Como foi a seleção das canções?
RD: “Escolhemos muitas das mais icônicas, mas como o RBD tem tantas músicas importantes, tivemos que deixar muitas de fora”.
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Colaboração dos jornalistas Fernando Berenguel de Carvalho (Letra Musical) e Jonathas Lopes