MTG e RKT, Brasil e Argentina: entenda como essas tendências se comunicam

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Da esquerda pra direita, MC Leozin, DJ Topo e Seu Jorge: juntos na 'MTG Quem não quer sou eu' — Foto: Divulgação

O RKT, de origem argentina, é a sigla dada para Resgate (em sotaque argentino pronunciado algo como “resKate”), nome de uma antiga casa noturna (boliche para os argentinos) onde os DJs costumavam mesclar a famosa cúmbia argentina com a popularidade do reggaeton.

A casa foi transformada em um grande centro de criatividade onde os DJs puderam brincar com o público adeptos aos dois estilos.

Visto isso, o modo de produzir e remixar essas musicas cresceu e levou os argentinos a não apenas colocarem as vozes dos cantores estrangeiros de reggaeton nos instrumentais de cúmbia, como a fazer suas próprias músicas nesse estilo.

Hoje é possível encontrar essas mesclas de reggaeton com cúmbia, mas também produções originais já feitas nesse novo estilo, com elementos que tornam tudo mais dançante.

No mesmo caminho do RKT, está o MTG

De origem brasileira, com crescimento em Belo Horizonte, a sigla do MTG é dada para “montagem”, onde os produtores e Djs brasileiros têm brincado com a mescla do funk com outros estilos como pop, mpb, etc.

No BPM 130, o estilo desenvolvido pelos mineiros ainda é novo no Brasil, mas já ganhou o gosto dos brasileiros com a explosão do MTG “Quem Não Quer Sou Eu”, de Seu Jorge, e MTG “Chihiro”, de Billie Eilish.

Assim como o RKT, o MTG brinca com a ideia de usar um estilo base (cúmbia e funk, respectivamente) e ir adicionando outros elementos para mesclar e transformar em uma arte final.

O MTG tem uma abertura maior nas mesclas, onde não se apega a um só estilo para as mesclas da melodia, como no RKT, que usa em sua grande maioria o reggaeton.

Como essas tendências se conversam?

A história da criação desses dois estilos é extremamente semelhante, e mesmo que Brasil e Argentina sejam países que em campo não se entendem, musicalmente falando temos tudo a ver.

Nos últimos anos temos visto na Argentina (e em outros países) a estética brasileira ganhando força. O funk, principalmente, está cada vez mais presente nas mesclas de lá. E dentro do RKT não seria diferente!

Hoje em Buenos Aires vemos festas como Fiesta Bahiana, onde é possível escutar principalmente o funk como destaque em sets criativos misturados com reggaeton e RKT. Vemos produtores como Bizarrap usando elementos de funk e DJ Tao, Ponte Perro, Kaleb, La Joaqui entre outros artistas viajando entre o mundo RKT com elementos do Brasil e do funk.

É nitidamente perceptível que o funk e o Brasil já fazem parte da cena urbana musical da Argentina. O MTG no Brasil caminha para uma crescida criativa inimaginável, mas devido à distância geográfica com a Argentina seria muito fácil ver a troca entre os produtores de lá com os nossos.

Com o crescimento do reggaeton no Brasil, os grandes artistas já falam da mescla funketon, ritmo esse criado da mescla do reggaeton e funk que os argentinos já fazem com os pés nas costas. 

Com todos esses acontecimentos, a sugestão que fica é, acompanhar a cena da Argentina e o que tem sido criado por lá. Vale uma observação muito atenta sobre o desenvolvimento do MTG em nosso país, pois as duas tendências tem muito a trocar e a crescerem juntas.

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Jornalista e editor-chefe do site Estrela Latina e repórter no portal LeoDias. Passou pela RedeTV!, Band, AllTV e nos portais Terra, Notícias da TV e Observatório da TV (UOL).

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