Em exibição pelo Kanal 7 na Turquia desde o dia 07 de setembro de 2020, a série turca Emanet (O Legado, em português) completou a marca de 100 episódios no último dia 22 de janeiro. A trama é uma produção da Karamel Yapım sob o comando da showrunner Nazmiye Yılmaz (Yemin) e está protagonizada por Halil İbrahim Ceyhan e Sıla Türkoğlu.
QUAL A HISTÓRIA?
Seher (Sıla Türkoğlu) é uma garota humilde que reside com seu velho pai. A sua vida muda por completo quando sua irmã morre, a qual antes de partir, pede que ela cuide de seu filho, o pequeno Yusuf (Berat Rüzgar Özkan). Porém, para Seher não será fácil ficar a cargo de seu sobrinho, uma vez que o mesmo está sob os cuidados de seu tio paterno Yaman Kırımlı (Halil İbrahim Ceyhan), um homem fechado para os sentimentos e que nutre um ódio profundo por todas as mulheres. Decidida a lutar por Yusuf, Seher entra em uma disputa mortal com Yaman pela guarda da criança, porém neste jogo há pessoas concentradas em dificultar as coisas para eles. No meio desse conflito, a única saída para Seher e Yaman é se unirem a fim de protegerem seu legado.
VALE A PENA?
Ao longo de 100 episódios, Emanet mostra como o folhetim tradicional ainda pode ser explorado sem ser cansativo. A trama que acompanha o desenvolvimento da relação entre Yaman e Seher reúne uma série de elementos clássicos como a figura de vilões folhetinescos, reviravoltas surpreendentes, a importância da família e o amor impossível.
O roteiro assinado por Basak Yazi Odasi (Yemin) é coerente e recheado de surpresas. Contudo, a narrativa tem um ritmo lento. As principais reviravoltas da história levam muito tempo para acontecer, como o casamento dos protagonistas, arco reservado para as próximas semanas.
Apesar disso, a trama é endossada com plots que movimentam a história, tornando a série um grande deleite para amantes de folhetins clássicos. Uma das situações mais aleatórias até então foi a de um professor de música que projeta na protagonista a reencarnação de sua esposa morta, e com esse pensamento, sequestra a mocinha e faz dela sua refém por alguns episódios.
A direção sob o comando de Ayhan Özen (Fatmagül) apresenta alguns tons exagerados, como o uso recorrente de slow motion, porém entrega um trabalho agradável que somado a uma trilha sonora envolvente é capaz de atrair a atenção de qualquer público.
NÚCLEOS SECUNDÁRIOS
Em outro núcleo temos outra história de amor, porém agora protagonizada por um casal mais jovem, o comissário Ali (Melih Özkaya) e a atrapalhada Kiraz (Gülderen Güler). Essa trama tem início quando Kiraz, na esperança de fugir do controle de seu irmão violento que pretende casa-la a força com um homem que ela não ama, se esconde na casa de seu velho professor Osman (Atilla Pekdemir), o qual vive com seu sobrinho policial Ali.
O comissário está noivo da advogada Begün (Gözde Gürkan), uma mulher egocêntrica que não vê a hora de se livrar do tio de Ali. A relação dos dois não dura muito e logo o casamento é cancelado. Revoltada, Begün culpa Kiraz pelo fracasso de sua relação com Ali e tenta todos os meios para expulsar a garota, recorrendo a ajuda da tia de Ali, Sultana (Ferda Işıl), uma velha interesseira que não mede esforços para fazer com que Ali e Begün retomem a relação.
Na mansão Kırımlı há o núcleo composto pelos funcionários do local como a cozinheira Adalet (Binnaz Ekren), a fofoqueira Neslihan (Zeynep Naz Eyüboğlu) e o sábio mordomo Cenger (Ömer Gecü). Fora isso também há um núcleo composto por funcionários da delegacia onde Ali trabalha. Outros personagens também são recorrentes como o pai Arif (Ali Çakalgöz), conselheiro de Yaman; Nadire (Hayat Olcay), mãe de criação de Seher e Selim (Ozman Aydın), amigo de Seher que a ama em segredo.
PRINCIPAIS DESTAQUES DA TRAMA
O legado de Yaman e Seher
Todos os conflitos decorrentes da luta pela segurança e felicidade de Yusuf são muito interessantes e prendem a nossa atenção com os belíssimos diálogos de superação e amor. A construção do casal protagonista nesse meio é prazerosa, e a cada episódio arranca suspiros dos amantes por romances literários, os quais em suma apresentam um protagonista masculino com um passado sombrio, o qual encontra no amor a luz para espantar a escuridão.
As vilãs
Como todo folhetim clássico que preze o título, não pode faltar a figura de vilões malvados. Em Emanet, a dupla de irmãs Ikbal (Gülay Özden) e Zuhal (Hilal Yıldız) cumpre bem esse papel e protagonizam uma série de planos para prejudicar os protagonistas, desde mentir para o pequeno Yusuf; dopar a mocinha e até mesmo envenenar, além de outros segredos escondidos pela mansão da família Kırımlı.
O DESAGRADÁVEL EM EMANET
Apesar da trama simples e atrativa, Emanet escorrega ao fazer uso de muita violência, sobretudo nos primeiros episódios. O protagonista masculino é apresentado como um verdadeiro ogro, e com esse título, é rude com a mocinha no início.
Na ficção, a construção de Yaman como o mocinho da série só fica clara quando o mesmo se apaixona por Seher e decide abraçar o sentimento (por volta do episódio 80), até então ele convence mais como um anti-herói passível de ser odiado.
ELENCO
No campo das atuações, Halil İbrahim Ceyhan e Sıla Türkoğlu entregam boas performances de seus personagens e exalam uma química apaixonante em cena. Gülay Özden rouba o antagonismo como a perversa Ikbal. O ator infantil Berat Rüzgar Özkan surpreende e comove o público com seu personagem Yusuf.
Também merecem destaque as atuações de Ömer Gecü (Cenger), Ali Çakalgöz (Arif), Hayat Olcay (Nadire), Atilla Pekdemir (Tio Osman), Gülderen Güler (Kiraz) e Ferda Işıl (Tia Sultana).
UMA NOVELA CLÁSSICA E RECHEADA DE SURPRESAS
Emanet preenche bem o título de folhetim tradicional, pois a trama reúne várias situações corriqueiras de melodramas clássicos, como a figura da mocinha ingênua, porém sem medo de enfrentar as dificuldades; o heroi masculino bruto que se converte em um protagonista apaixonado; vilãs que armam do início ao fim; e some a isso muitos sequestros, acidentes e uma boa dose de reviravoltas.