Não importa a nacionalidade, seja brasileira, turca, mexicana, colombiana, venezuelana, etc., as novelas tem apresentado personagens femininas cada vez mais fortes. A ideia de mocinha sofrida, refém de um amor impossível, clássico clichê das novelas rosas, deixou de ser uma regra e abriu espaço para um universo recheado por mulheres independentes e empoderadas.
Nós do Estrela Latina separamos 12 personagens femininas que lutam por seus objetivos, e que não importa se são mocinhas ou vilãs, elas são sinônimos de “Girl Power“.
12 – Sherazade (Binbir Gece – Mil e Uma Noites) | Bergüzar Korel
Levada ao ar entre 2006 e 2009 pelo Kanal D na Turquia, Binbir Gece (Mil e Uma Noites), apresentou como sua heroína Sherazade, uma arquiteta, a qual havia perdido o marido há pouco tempo. Sherazade foi condenada pela família de seu esposo como culpada pela morte do mesmo, fato este que levou até mesmo a rejeitarem o filho do casal, o qual se encontra doente com leucemia.
Após a morte de seu esposo e a descoberta da doença do filho, Sherazade precisou duplicar sua força, tendo que cuidar de seu filho doente e se dedicar a seu trabalho como arquiteta. Como procedimento para a recuperação de seu filho, o mesmo precisava de um transplante de medula e o processo requeria uma quantia em dinheiro muito alta, fazendo com que a arquiteta procurasse por seu sogro bilionário em busca de auxílio finaceiro, o qual é negado.
Sem a ajuda do sogro, a arquiteta recorre a seu chefe – Onur (Halit Ergenç) -, a fim de conseguir um empréstimo de 900 mil, porém o mesmo nega alegando que a funcionária está na empresa há apenas três meses. Todavia, Onur diz a Sherazade que ela pode conseguir o dinheiro caso passe uma noite com ele. A principio ela rejeita a proposta e bate de frente com ele, porém desesperada para salvar seu filho, ela aceita.
Sherazade consegue salvar seu filho e, após passar pelas humilhações da família de seu esposo e em seu trabalho, a heroína da história consegue dá a volta por cima e provar diante de todos seu comprometimento e segurança no trabalho, além de ser uma mãe presente, capaz de qualquer sacrifício para proporcionar o melhor a seu filho. Em uma sociedade onde as mulheres quase não tem voz, Sherazade demonstra força, não baixando a cabeça e sempre batendo de frente quando sua conduta é questionada, apenas por ser uma mulher.
11 – Sol ( Entre tú amor y mi amor – Entre o teu amor e o meu) | Rosmeri Marval
Com uma base clássica e temática de vingança, Entre tú amor y mi amor, trouxe Rosmeri Marval como Sol, uma garota ingênua, a qual teve os pais assassinados quando ainda era uma criança. Após passar um tempo no interior, Sol descobre ser proprietária de uma grande fortuna deixada por seus pais, porém a mesma também está a vista da poderosa Reina (Carlota Sosa).
Em busca de recuperar o que seus pais deixaram, a moça parte para a cidade grande, entretanto, devido as armações de Reina, ela acaba sendo presa. Após um certo tempo na prisão, Sol consegue ficar livre e, desde então, planeja sua vingança contra todos que contribuíram para a sua ruína, a começar por Reina.
Sol planeja os mínimos detalhes e seu retorno é triunfal, se convertendo em uma mulher poderosa e sem medo de enfrentar seus inimigos. A novela apresenta uma personagem jovem, porém com várias cicatrizes, as quais não serão saradas tão facilmente. Para conseguir alcançar justiça, Sol assume uma personalidade mais forte, não medindo esforços para alcançar seus objetivos.
10 – Bihter “pecadora” (Aşk-ı Memnu – Amor Proibido) | Beren Saat
Em 2008, o Kanal D, resolveu apostar em uma história um tanto polêmica, rompendo com qualquer novela (série turca) já produzida na Turquia até então. A história aborda a relação entre Bihter, esposa de Adnam (Selçuk Yöntem), com seu sobrinho Behlül (Kıvanç Tatlıtuğ). A mocinha da trama na verdade é apresentada como uma anti-heroína, a qual se casa com um homem bem mais velho apenas para provocar sua mãe.
Bihter acredita que sua mãe é responsável pela morte de seu pai e, ao descobrir o seu interesse amoroso em Adnam, ela resolve conquistá-lo e então casar com ele, como formar de se vingar da mãe. Após se tornar a senhora da mansão Ziyagil, Bihter se converte em uma mulher implacável. Consciente de sua inteligência e beleza, a personagem é toda pautada no empoderamento, mostrando ser capaz de fazer e conseguir tudo o que quiser.
Na Turquia, a personagem ficou conhecida como Bihter “pecadora” por manter uma relação amorosa com tio e sobrinho. A novela foi um verdadeiro fenômeno e a personagem é lembrada até hoje como um ícone feminino, sobretudo por seu final chocante. O parlamento turco parou suas atividades apenas para acompanhar o desfecho da história de Bihter.
9 – Gaviota (Café, com aroma de mujer – Café com aroma de mulher) | Margarita Rosa de Francisco
Em 1994, o autor Fernando Gaitán escreveu uma das novelas colombianas mais importantes do século passado, a qual narrava a história de amor entre uma colhedora de café, apelidada de Gaviota (Margarita Rosa de Francisco) – ou Gaivota na adaptação brasileira – e o filho de seu patrão, Sebastián (Guy Ecker) – ou Sebastião -, ambientada entre um cenário ruralista, marcado pela visão simbólica dos cafeicultores colombianos, e um cenário urbano, onde era abordado o dia-a-dia dos empresários do ramo cafeicultor.
Sem dúvidas, apesar do título um tanto chamativo, a novela é sempre lembrada pelo nome da protagonista, Gaivota (vamos chamar assim!), representando o quão marcante foi a personagem na trama. Gaivota é uma mulher que não economiza esforços e se dedica ao trabalho duro, porém também mostra que pode ser uma mulher de negócios. De uma ponta a outra, a protagonista dessa história é uma representação clara da força feminina, pois a personagem passa por diversos “perrengues” ao longo da novela, porém nunca baixa a cabeça e sempre está disposta a enfrentar seus inimigos, protagonizando inúmeros barracos memoráveis.
8 – Firuze (Zemheri – Tempestade de Amor) | Ayça Ayşin Turan
As definições de mocinha empoderada, foram atualizadas com sucesso em Zemheri. A novela (série turca) aborda o drama de Firuze, uma jovem arquiteta, a qual lida com uma realidade dura, marcada pelo contraste proveniente da desigualdade social.
Seu pai é acusado de causar a morte de 13 operários em um acidente no elevador, porém o mesmo havia comunicado a empresa responsável pela obra de possíveis problemas, caso o elevador não fosse consertado, sendo ignorado. Após o acidente, Ertan (Caner Cindoruk), dono da empresa, compra o silêncio das famílias das vítimas, pondo em evidência o pai de Firuze como principal culpado.
A partir de então, Firuze se infiltra na empresa de Ertan a fim de conseguir provas que sirvam para libertar seu pai, e então, pôr os verdadeiros responsáveis atrás das grades. No entanto, a tarefa não é tão simples, exigindo que Firuze se torne uma mulher engenhosa e atenta a todos os passos de seus inimigos.
A trama apresenta uma mocinha forte e decidida, capaz de bater de frente com quem seja. Disposta a proteger sua família, Firuze se torna uma guerreira em meio a uma alcateia de lobos, marcada por um elevado poder aquisitivo.
7 – Alicia (Antes Muerta Que Lichita – Antes Morta que Alicinha) | Maite Perroni
Humilhada e subestimada, Lichita é uma mocinha simples, porém muito inteligente e espontânea. Após sofrer diversos patamares de Bullying em seu local de trabalho, a personagem decide que é hora de mudar. A partir de então, a ingênua Lichita vai dando forma a uma mulher imbatível, tornando-se então Alicia.
Com sede de vingança, porém acima de tudo em busca de justiça, Alicia toma presença e enfrenta todos os medos e inimigos de Lichita, dando espaço a uma personalidade até então adormecida.
Em certo momento da trama, após ser tão decepcionada pelas pessoas a sua volta, a personagem começa a passar por cima de todos, nem que isso exija usar truques pesados. Nessa etapa ela se converte em Malícia, uma mulher que não mede as consequências de seus atos e põe seu ego a frente. Todavia, com o tempo ela percebe que sua atitude não a satisfaz, e que até mesmo o carinho de seus familiares foi perdido. Desde então, a personagem retoma sua origens, no entanto, sem abdicar de sua força, conseguindo o respeito e admiração de todos.
6 – Maria Paula (Duas Caras) | Marjorie Estiano
Duas Caras foi uma novela bem problemática, porém entre erros e acertos, uma verdade – a mocinha dessa novela foi incrível. Maria Paula começou ingênua, orfão dos pais, acaba sendo seduzida por um homem que não conhece, o qual depois de um tempo se transforma em seu pior pesadelo.
Maria Paula acaba se casando com Adalberto Rangel (Dalton Vigh), e termina por ficar grávida do mesmo, no entanto, tudo não passava de uma armadilha e ele a rouba. Desolada, a mocinha parte para São Paulo em busca de conseguir uma melhor vida e descobre que Adalberto Parra nunca existiu, pois todos os documentos eram falsos.
Após um tempo do ocorrido, Maria Paula volta a reencontrar o homem que destruiu sua vida, agora ele é conhecido por Ferraço e é um homem poderoso. Assim como velhos sentimentos são despertados, um desejo de vingança também vem junto e Maria Paula, agora uma mulher forte e vingativa, sabe exatamente como fazer.
Depois de muitas reviravoltas na história, Maria Paula e Ferraço decidem tentar uma vida juntos, entretanto antes dos dois poderem viver o grande amor que sentiam um pelo outro, nossa mocinha prega uma peça no bandido e o coloca na prisão para que enfim ele pague por todos os seus crimes e, claro, fica com tudo o que lhe pertence e vai para o Caribe. No fim das contas, os dois terminam juntos, mas não antes da mocinha provar quem manda na história!
5 – Jeiza (A força do querer) | Paolla Oliveira
Não digam o que eu posso fazer, eu sei do que sou capaz!, esse era o lema de Jeiza, uma policial e lutadora de MMA. Como uma das protagonistas de Glória Perez, Jeiza foi incrível. A personagem além de forte, não se deixava intimidar, lutava ferozmente contra o preconceito atrelado a sua condição de mulher.
Um dos grandes ensinamentos que a personagem trouxe ao público, principalmente mulheres, é a de que não se deve desistir, pelo contrário, baixar a cabeça não é uma opção. A personagem também era independente e mesmo se apaixonando ao longo da trama, a mesma não fica refém desse amor, sendo dona de si mesma enquanto vive uma intensa história de amor.
4 – Regina (La Candidata – A Candidata) | Silvia Navarro
Em 2016 a produtora Giselle González produziu uma novela com um viés totalmente diferente do que já se havia exibido no horário. Com uma história ensanduichada por tretas políticas e vários outros temas polêmicos, surge Regina, a protagonista da trama, caracterizada por ser uma mulher intensa, dedicada a sua vocação e com um espírito de liderança.
Após passar por altos e baixos, que vão desde as humilhações por parte de seu esposo a escândalos políticos que ameaçam sua família, Regina consegue se sobressair e se tornar presidenta do país. Um dos momentos mais “Girl Power” da novela é quando ela é nomeada presidenta e recebe todo o apoio da população.
3 – Paloma (Bom Sucesso) | Grazi Massafera
A melhor mocinha do ano de 2019 foi, sem dúvidas, Paloma da Silva (isso mesmo!), uma mulher simples, humilde, porém batalhadora e cheia de sonhos. Paloma foi abandonada grávida ainda jovem. Ela chega a se casar com outro homem, porém em certa altura ele é dado como morto e a personagem precisa cuidar dos três filhos pequenos.
Com muita luta, Paloma consegue se superar a cada dia, sempre disposta e com um sorriso no rosto acorda cedo pela manhã, prepara seus filhos para irem a escola e em seguida vai para o trabalho que fica a quilômetros do bairro onde reside. Mesmo com muita dificuldade, é uma mulher que não leva desaforo para casa e não mede esforços para conseguir o melhor para seus filhos.
Em certa altura a personagem pensa que vai morrer e, desde então, se dispõe a fazer tudo que a mesma reprimiu, como ir à praia com uma roupa de passista e passar uma noite mágica ao lado de um homem, até então desconhecido. Paloma se torna amante da literatura e sempre que pode, personifica em si a figura de personagens clássicos. Aqui temos uma heroína de um folhetim clássico (porém moderno), totalmente embasada em uma figura empoderada. No fim das contas, Paloma descobre a própria chave para sua grande história – ser humilde e ser gentil – a verdadeira definição de gata borralheira do século XXI.
2 – Teresa (Teresa) | Angelique Boyer
Bonita, inteligente e muito ambiciosa, ou talvez apenas cansada de tanta injustiça para com pessoas sem um poder aquisitivo tão alto, Teresa era uma mulher implacável, em todos os sentidos, sedutora e, conhecia bem o que despertava nos homens. A forma como a personagem é construída, é talvez, o maior acerto da novela, pois Teresa não era apenas má (e como disse acima, talvez nem seja uma vilã!), mas sim um ser humano como qualquer outra pessoa.
A diferença entre Teresa e os outros personagens era que ela sim acreditava em sua capacidade e mesmo não tendo nascido em berço de ouro, soube construir sua própria fortuna. Mesmo com erros, Teresa é adorada até hoje e vista como um dos personagens mais icônicos da década, pois como já dizia a lenda “Entre ser ou não ser, e claro que ela é”.
1 – Gabriela Suárez/ Verónica Dantés (La Patrona – A Patroa) | Aracely Arámbula
O próprio título da novela já exalava uma personagem feminina forte e não decepcionou. A novela teve duas fases, em cada, Aracely personificou um lado diferente da personagem. Nos primeiros 40 capítulos da novela, Gabriela era uma mulher marcada por um trauma da adolescência, um abuso que mudou completamente sua vida. Paralelo a isso tinha que lidar diariamente com assédio na mina onde trabalhava, como única mulher do local.
Como se não bastasse ainda perde o pai em um atentado nas minas e, em seguida, é dada como louca e acusada de assassinato. Durante 10 anos ela vive reclusa em um sanatório, mantida contra sua vontade, acusada injustamente, porém refém de um sistema onde a voz dos mais ricos é que prevalece, e se os poderosos não gostam de você, então como prosseguir para se defender?
Foram 10 anos de injustiça, 10 anos sem ver seu filho, 10 anos desprovida de qualquer atualização do que acontecia ao seu redor, porém aquilo finalmente ia acabar e quando esse momento chegasse, ela seria IMPLACÁVEL!. Com muito desejo de vingança , surge então Verónica Dantés, uma figura poderosa, dona de si própria, requisitada por todos.
O anuncio é feito, e 2 anos após o incêndio que levou a “psicopata” Gabriela Suárez à morte, chega no povoado uma mulher com garras de justiça, sobretudo, recuperar tudo o que perdeu, ou melhor, o que a roubaram. Verónica Dantés não medirá esforços para conseguir o status de dona e proprietária, e por fim se tornará a verdadeira Patroa.
Ao longo de toda a história da dramaturgia, já tivemos diversos personagens femininos fortes e envolventes, a lista não teria fim, caso todos fossem citados aqui, porém não faltará momentos para assim fazer. Feliz dia a todas as mulheres, guerreiras e soberanas, fortes e independentes, qualquer que seja sua história, você é uma sobrevivente, por isso lute, erga a cabeça e enfrente seus medos. A decisão de fazer algo parte de cada um de nós, acreditar em si próprio é o melhor caminho a seguir!
Feliz Dia Internacional da Mulher!